Geométricas: Perspectivas Femininas
A exposição coletiva na Galeria Lurixs com curadoria e texto de Christiane Laclau ArtMotiv aconteceu de 6 Julho a 27 Agosto.
A mostra propõs um diálogo entre diferentes conceitos, pesquisas, propostas e abordagens de seis artistas — três delas representadas pela galeria: Amalia Giacomini, Elizabeth Jobim e Renata Tassinari e três convidadas: Alice Gelli, Marina Rodrigues e Marina Caverzan — em torno de um universo comum: o abstracionismo geométrico.
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Lurixs
Rua Dias Ferreira 214, Leblon
Rio de janeiro RJ Brasil
T (21) 2541 4935

A coletiva se impõe como um marco diferencial e celebra o talento e a ousadia destas artistas.
No pórtico de entrada da Academia de Atenas, lia-se: “Não entre quem não for geômetra”. Platão consolidou o entrelaçamento entre o pensamento filosófico e a racionalidade matemática expressa pela geometria, conhecimento levado do Egito à Grécia por Pitágoras e por Tales de Mileto. Para Heródoto, a geometria tem uma função prática, já no entender de Aristóteles, ela é puramente teórica. O platônico Euclides, “pai da geometria”, considerava o espaço como imutável, simétrico e geométrico. Este pensamento se manteve inalterado durante a Idade Média e o Renascimento. Somente na modernidade os modelos geométricos não-euclidianos foram propostos por Carl Friedrich Gauss e Bernhard Riemann. A perspectiva masculina predominou por séculos na racionalidade geométrica ocidental. A coletiva GEOMÉTRICAS: PERSPECTIVAS FEMININAS confronta essa tradição. O diálogo entre diferentes conceitos, pesquisas, propostas e abordagens das artistas reunidas em órbita do tema proposto pela curadoria apresenta diversas provocações estéticas, éticas e filosóficas. As artistas Alice Gelli, Amalia Giacomini, Elizabeth Jobim, Marina Caverzan, Marina Rodrigues e Renata Tassinari levam adiante a geometria dos caminhos abertos pelas pioneiras Lygia Clark e Ligia Pape, herdeiras das tradições construtivas do De Stijl, da Bauhaus e do construtivismo russo. Esta exposição celebra as visões do abstracionismo geométrico que essas mulheres vêm desenvolvendo em suas trajetórias artísticas. Esse campo – historicamente dominado por homens – está defronte, no século XXI, da luta pela equidade de gênero, que vem alcançando, cada vez mais, mudanças na sociedade e na arte.
Por Christiane Laclau
A ressignificação artística de materiais mundanos
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Marina Rodrigues transcende o uso rotineiro de chapas de ferro. Recortes de aço, acrílico e fita adesiva, em obras que emulam diagramas eletrônicos fictícios e mapas de um urbanismo fantástico, abstraem a função original do material com rigor e equilíbrio plástico. Com exceção de seus trabalhos escultóricos, as sugestões de plantas baixas, assim como a de multiversos e a de sólidos arquitetônicos, desmontam a impressão de superfície plana e propõem formas com presença tridimensional.